Sobre Darius, o grande, não está nada bem

Os dois volumes da série. O autor sugeriu que um terceiro volume pode vir.
Espero que retrate um futuro mais distante, com outras demandas e prazeres.

A propósito do mês do Orgulho, e inspirado por uma amiga, queria deixar aqui a recomendação de dois livros que li logo antes do feriadão. Darius, o grande, não está nada bem (2021) e Darius, o grande, merece coisa melhor (2022), de Adib Khorram. São romances direcionados para jovens leitores.

O livro é focado num adolescente, Darius, filho de um casal formado por mãe iraniana e pai estadunidense. Essa dupla herança é o pretexto para retratar a forma como essas duas culturas – iraniana e estadunidense – se relacionam no dia a dia do personagem. Principalmente quando subitamente a família dele precisa visitar o avô materno doente em Yazd.

É muito sensível a maneira como o Khorram apresenta a experiência de Darius com xenofobia, racismo, bullying e LGBTfobia. Todos eles, claro, oficialmente combatidos, mas insistentemente presentes em violências não tão microscópicas que ele precisa suportar. O fato de o personagem viver com depressão adiciona outra camada de complexidade à narrativa, principalmente da forma como ele desenvolve o autocuidado. O ponto alto, na minha opinião, é a construção do afeto entre Darius e Sohrab, escrita com uma delicadeza comovente.

O mote do segundo livro, que acho um pouco menos original que o primeiro, é o primeiro amor, suas dores e delícias. O autor de novo conduz muito bem a narrativa, com a mesma sensibilidade do primeiro volume. Achei legal que a questão do Darius não é nem a saída do armário, nem um crush. Mas sim o estabelecimento de limites e de confiança. Conosco, com nossos corpos, com nossos amantes e amigos. Apesar do primeiro amor ser um tema que tem sido mais visitado, com uma dupla de personagens surpreendentes. É o tipo de coisa que queria ter tido acesso na adolescência, nos idos de 2000 e pouco.

Em suma, se puderem, leiam. Eu gostei demais, muito fofinho. Só não me agradou o protagonista não gostar de café, mas ninguém é perfeito. 😉


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