Além da homofobia violenta e explicita, aquela que é ameaça imediata a vida e a direitos básicos, existe a homofobia cordial, que estamos pouco acostumados a perceber mas que nos fins das contas, é a responsável por manter as coisas como estão.
Graças a conquista de leis antiracismo e anos de trabalho, as manifestações explícitas de racismo no Brasil de hoje estão à margem social. Embora nosso racismo esteja infiltrado em diversos aspectos de nossa sociedade, é difícil encontramos uma pessoa que encarne, para si e para os outros, o estereótipo do racista. Por isso mesmo, estamos cada vez mais atentos aos mecanismos que sutilmente mantém e reafirmam o racismo num pais em que “ninguém é racista”. O mesmo não acontece com a homofobia. Por mais que o quadro geral possa ter melhorado, ainda é socialmente comum encontrar pessoas proclamando em alto em bom som seu ódio aos homossexuais ou até mesmo dizendo “sou homofóbico mesmo”. Ora isso não é surpresa num pais onde 39,7% dos pais e mãe, segundo a pesquisa de UNESCO, adimitem que não gostariam que seus filhos tivessem colegas homossexuais nas escolas, ou que 45% dos brasileiros acha justo negar o direito à união civil a parte da população homossexual. Enfim, com esses números, não é difícil imaginar que todos devemos conhecer uma ou mais figuras que se aproximam da personificação do “homofóbico” ou “homofobo”.
O fato de direitos básicos se encontrarem ameaçados por inimigos tão explícitos e ferrenhos faz com que muitas vezes não tenhamos tempo para refletir sobre os mecanismos mais sutis da nossa cultura que no fim das contas, tal como funciona para o racismo, alimentam a lógica homofóbica. Mas basta pensar que este indivíduos raivosos não surgem do nada para começarmos a questionar onde está a homofobia na parte da sociedade que, como muito brasileiros dizem, “não tem nada contra” homossexuais. É um assunto muito amplo e vou deixar a responsabilidade com o leitor de refletir sobre toda a complexidade de atos que envolvem a reafirmação da homofobia em nosso cotidiano. Mas vou contar alguns episódios instantâneos de homofobia cordial a seguir:
Pedro “tem vários amigos gays”, simplesmente “os adora” e “não tem nada contra”. Mas quando o sangue sobe um pouco, qual o primeiro xingamento que lhe ocorre? Isso mesmo: bicha, veado.
Laura é amiga de infância de Suzanna, que é lésbica. As amigas de Laura decidem fazer um happy-hour e soltam algumas “brincadeiras sobre sapatão”, Laura dá um sorriso amarelo e decide não chamar Suzanna para a reuniãozinha, para “o próprio bem da amiga”.
Joana é amiga de Claudinho, que é gay. Diverte-se muito com ele e reclamava quando seu marido fazia referências homofóbicas ao seu amigo. Quando seu filho contou que era gay, Joana reagiu mal e pediu que ele mantivesse isso em absoluto segredo.
Quando Marcelo revelou que era gay, Augusto disse que não tinha problema algum e continuaram amigos. Um dia Marcelo não quis emprestar seu carro e Augusto ficou indignado, afirmando que Marcelo não era capaz de retribuir o “favor” que ele fez ao manter a amizade.
Leo é gay, mas acha o ambiente que trabalha machista demais para se revelar. Lá trabalha um rapaz de modos efeminados que todos costumam fazer brincadeiras pelas costas. Apesar de não ter nada contra o rapaz, Leo fica tão apavorado que também faz piadas sobre seu jeito feminino. No final do dia, sente-se culpado.
E você, reconhece ou até se reconhece em alguma dessas situações? Olhe ao redor e verá que não precisar andar com um cartaz “Morte aos Gays!” para alimentar a homofobia cotidiana.
Coordenador do Núcleo UniSex, escreve sobre cultura LGBTQIA+, comportamento digital e saúde mental. Atua como psicoterapeuta afirmativo e de casais/famílias diversas em neuropsipro.com.
Genial.
Simplesmente.
Concordei com tudo. Muito bom, o texto.
Encontrei um texto interessante sobre homofobia e religião: http://aliencronicas.blogspot.com/2011/03/um-caso-de-diferencas.html
Ação democrática legitima (a de afirmar que os homossexuais são perseguidos) de pessoas de grande habilidade de Mídia; a qual cito no Blog que vou sugerir no seguimento para conhecimento e avaliação.
Quando digo grande habilidade no saber como tratar Notícias e Informações; isto decorre do fato da maneira ruidosa e coerente como conseguem transformar um fato (lamentável é claro) em um factóide (fato maximizado, ampliado acima da sua real razão de ser) de grande repercussão, como é feito diversas vezes que ocorre algum tipo de agressão a homossexuais; cujos números estão muito aquém das agressões contra a mulher e as mútuas entre torcedores, pelo fato fútil de serem torcedores de Times diferentes… Comento isto aqui como elogio à forma inteligente como os homossexuais trabalham os Meios de Comunicação, reproduzindo aqui e ali elementos de Merchandising para aprovar o PLC 122.
É estranho e difícil para eu entender como os homossexuais e a Mídia que têm dentro da sua comunidade ─ hoje e no decorrer da história ─ pessoas inteligentes semelhantes aos filósofos gregos homossexuais: o grande retórico Lísias e o inteligentíssimo Aristófanes, autor do Mito do Andrógino, ver, obra O Banquete da Platão ─; também artistas, intelectuais, pessoas de várias formações acadêmicas e principalmente as da área das Letras; não atentem para o que chamo de estupidez lingüística, que é o chavão acusativo HOMOFÓBICO (de homo-fobia), sabendo-se que homo (latim, homem), homo (grego; igual, semelhante; que é usado em homofobia) e fobia (grego, φόβος ─ medo com decorrente ação retro-ativa de fugir). Do que se conclui que: ao chamarmos alguém de homofóbico estaremos dizendo exatamente ser aquele que tem o sentimento de medo (fobia) a vítima desse (o criminoso no exato entendimento do termo) que lhe infunde medo.
Não tenho nada absolutamente nada contra os reais direitos dos homossexuais; entretanto tenho tudo contra O PLC 122 OU A DITA LEI HOMOFÓBICA (este é o título do meu Blog), cujo endereço é http://www.verdaderespeitoejustica.blogspot.com , no qual, demonstro ser esta lei, não aquilo que defende os direitos dos homossexuais e sim, um odioso instrumento de Censura; como também está de maneira sintética (sinopse) em outro Blog meu, endereço http://www.sinteserespeitoejustica.blogspot.com .
P.S.: Apenas para reforçar como lembrete e gerar interesse ou curiosidade com relação ao Blog citado. CLAUSTRO + FOBIA, FOTO + FOBIA e algumas outras fobias têm plena assertiva nas suas construções, pelo fato óbvio de que quem está enclausurado ou diante de uma forte luz, desesperadamente busca fugir. O que aconteceu com as pessoas que têm conhecimento lingüístico? E o bom senso, o que foi feito dele (no não haver cuidado com o que se escreve e veicula), quando se mantêm o absurdo chavão chamado HOMOFOBIA, que é exatamente contra aquilo que se quer defender?.. Obrigado e parabéns pela dignidade democrática de respeitar opiniões.
Atenciosamente JORGE VIDAL